sábado, 18 de fevereiro de 2012
sábado, 4 de fevereiro de 2012
domingo, 22 de janeiro de 2012
As partidas não são para sempre
Autobiografia
"Não preciso mas tu sabes como eu sou
Encaminho-me pouco divirto-me assim nas copas
Das árvores soprando pensamentos para o mundo que há de noite.
As pessoas quando acordam são outras, já sabias,
Essa névoa contemporânea do medo miudinho
Que perdemos nas cidades e nos corpos, tu entraste
Antes de mim nos jogos, o enxofre da música e o
Lago do feitiço, inocente homem breve que sonha
Tu bem sabes.
Depois aluguei a bruxa por uma vasta noite.
E a minha vida mudou, a noite cresceu.
A vertigem ardeu-me nos braços até à sangria
Do tédio quando para sempre julguei que te perdia.
Na luta perdi um ou dois braços,
Mais do que o que tinha. Mas esta memória é um palácio,
São corais no pensamento. Jardins e fantasmas.
O gume nas mãos sorvendo, criança estratosférica
E profunda: sem braços e agora sem mais nada,
Não me percebeste, enchi-me de fúria.
É uma arte, queria eu dizer, matar sem retrocesso e
Atraso – ah aqueles braços para apoiar as mãos -,
Ceifando. Saturno e o vento na proa erguendo.
Parado como dizer? Não dizer, eu sou uma vida
Medonha e múltipla. E agora descanso
Deitado nestas mãos que mexem
Sem apoio, sabes, nascendo dos teus olhos
P’la manhã."
Rui Costa
"Não preciso mas tu sabes como eu sou
Encaminho-me pouco divirto-me assim nas copas
Das árvores soprando pensamentos para o mundo que há de noite.
As pessoas quando acordam são outras, já sabias,
Essa névoa contemporânea do medo miudinho
Que perdemos nas cidades e nos corpos, tu entraste
Antes de mim nos jogos, o enxofre da música e o
Lago do feitiço, inocente homem breve que sonha
Tu bem sabes.
Depois aluguei a bruxa por uma vasta noite.
E a minha vida mudou, a noite cresceu.
A vertigem ardeu-me nos braços até à sangria
Do tédio quando para sempre julguei que te perdia.
Na luta perdi um ou dois braços,
Mais do que o que tinha. Mas esta memória é um palácio,
São corais no pensamento. Jardins e fantasmas.
O gume nas mãos sorvendo, criança estratosférica
E profunda: sem braços e agora sem mais nada,
Não me percebeste, enchi-me de fúria.
É uma arte, queria eu dizer, matar sem retrocesso e
Atraso – ah aqueles braços para apoiar as mãos -,
Ceifando. Saturno e o vento na proa erguendo.
Parado como dizer? Não dizer, eu sou uma vida
Medonha e múltipla. E agora descanso
Deitado nestas mãos que mexem
Sem apoio, sabes, nascendo dos teus olhos
P’la manhã."
Rui Costa
sábado, 2 de julho de 2011
domingo, 1 de maio de 2011
História II
Vens sempre com o mesmo tom e o mesmo acorde na voz; e a minha alma reage em sintonia com o carinho com que sempre me fizeste soltar palavras. Só se pedia o aconchego, o descanso no peito, a palavra de consolo, e mais uma vez tornamo-nos cúmplices do sentimento e das exigências externas. É nesse momento que sei o quão felizes e infelizes podem ser as pessoas assim nessa espécie de dádiva e obrigação. Tudo preenche o Amor, só o não preenche é a dúvida e o afastamento. Por isso somos próximos, não porque o impomos, mas porque na proximidade tudo faz sentido.
História I
Voltaste de repente sem artificios, e sempre o mesmo ego a pedir na casa alheia o desejo que se julgava perdido. Os teus remates foram certeiros, mas a minha vontade, algo informe, abandona uma vez mais a tua oferta de cena íntima sem pudor. Só reages aos actos ilícitos, com palavras sem arremessos; mas novamente querem-se arremessos nas palavras e nos sentidos. Há palavras que requerem outros sentidos que caminhem para lá dos horizontes. Na impossibilidade de tudo, eis que surge o teu desejo artífice, articulado, quando do outro lado só se quer dormir.
segunda-feira, 25 de abril de 2011
A vida a três tempos
Os três tempos. Todos importantes na dimensão onde nos movimentamos;
As três faces escondidas dentro e fora das coisas materiais; só ao universo coube a tarefa de os condensar para de seguida os espalhar por tudo o que se criou na terra. O Universo é sem tempo, tal como os universos que nos habitam que de algum modo nos fazem querer ser transcendentes. Esta necessidade de transcendência é a necessidade de nos querermos fundir com o tempo para ser maior do que ele; e há quem o faça muito bem.
segunda-feira, 11 de abril de 2011
FMI
Salve-se quem puder, a vida é curta, que os santos não ajudam quem anda pra aqui a encher pneus em ritmo de sanzala...deixemo-nos de politicas que a nossa politica é o trabalho, o trabalhinho, porreirinho da silva
domingo, 10 de abril de 2011
Imagination
O mais alto dignatário elemento da nação solicitou alguma imaginação à Europa. A resposta não esperou muito a sair. O pessoal do FMI vai dar-nos a receita para a imaginação prevalecer nos nossos espiritos. Assim sendo estamos mais descansados.
sábado, 9 de abril de 2011
minimum vs maximum
uma linha inspiradora e transcendental; tudo o que os portugueses precisam para colocar nas suas vidas já que os politicos teimam em andar a brincar aos meninos. Agora trata-se de estarmos no maximum da acção e não no minimum da inércia.
sábado, 26 de março de 2011
segunda-feira, 21 de março de 2011
Ainda se celebra...
A melhor POESIA é aquela que não está à superficie; é aquela que vive na profundidade do eu, das coisas, do intangível. Tudo o que não é visivel brilha tanto ou mais do que o seu oposto.
quarta-feira, 16 de março de 2011
segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011
Não sei como dizer-te
Não sei como dizer-te que a minha voz te procura
e a atenção começa a florir, quando sucede a noite
esplêndida e vasta.
Não sei o que dizer, quando longamente teus pulsos
se enchem de um brilho precioso
e estremeces como um pensamento chegado. Quando,
iniciado o campo, o centeio imaturo ondula tocado
pelo pressentir de um tempo distante,
e na terra crescida os homens entoam a vindima
- eu não sei como dizer-te que cem ideias,
dentro de mim, te procuram.
Quando as folhas da melancolia arrefecem com astros
ao lado do espaço
e o coração é uma semente inventada
em seu escuro fundo e em seu turbilhão de um dia,
tu arrebatas os caminhos da minha solidão
como se toda a casa ardesse pousada na noite.
- E então não sei o que dizer
junto à taça de pedra do teu tão jovem silêncio.
Quando as crianças acordam nas luas espantadas
que às vezes se despenham no meio do tempo
- não sei como dizer-te que a pureza,
dentro de mim te procura.
Durante a primavera inteira aprendo
os trevos, a água sobrenatural, o leve e abstracto
correr do espaço -
e penso que vou dizer algo cheio de razão,
mas quando a sombra cai da curva sôfrega
dos meus lábios, sinto que me faltam
um girassol, uma pedra, uma ave - qualquer
coisa extraordinária.
Porque não sei como dizer-te sem milagres
que dentro de mim, é o sol, o fruto,
a criança, a água, o deus, o leite, a mãe,
o amor,
que te procuram.
Herberto Helder
e a atenção começa a florir, quando sucede a noite
esplêndida e vasta.
Não sei o que dizer, quando longamente teus pulsos
se enchem de um brilho precioso
e estremeces como um pensamento chegado. Quando,
iniciado o campo, o centeio imaturo ondula tocado
pelo pressentir de um tempo distante,
e na terra crescida os homens entoam a vindima
- eu não sei como dizer-te que cem ideias,
dentro de mim, te procuram.
Quando as folhas da melancolia arrefecem com astros
ao lado do espaço
e o coração é uma semente inventada
em seu escuro fundo e em seu turbilhão de um dia,
tu arrebatas os caminhos da minha solidão
como se toda a casa ardesse pousada na noite.
- E então não sei o que dizer
junto à taça de pedra do teu tão jovem silêncio.
Quando as crianças acordam nas luas espantadas
que às vezes se despenham no meio do tempo
- não sei como dizer-te que a pureza,
dentro de mim te procura.
Durante a primavera inteira aprendo
os trevos, a água sobrenatural, o leve e abstracto
correr do espaço -
e penso que vou dizer algo cheio de razão,
mas quando a sombra cai da curva sôfrega
dos meus lábios, sinto que me faltam
um girassol, uma pedra, uma ave - qualquer
coisa extraordinária.
Porque não sei como dizer-te sem milagres
que dentro de mim, é o sol, o fruto,
a criança, a água, o deus, o leite, a mãe,
o amor,
que te procuram.
Herberto Helder
sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011
Voo directo
Todos somos alvos fáceis de critica dos outros; o importante é reforçarmos o carácter com as críticas negativas. Não nos deixarmos abater com o que dizem de nós faz parte do crescimento e ajuda-nos a vermo-nos mais de perto. O poder de reacção à critica dos outros tem que ser imediata e interna, perseverante e distanciadora.
quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011
sábado, 5 de fevereiro de 2011
segunda-feira, 31 de janeiro de 2011
quarta-feira, 26 de janeiro de 2011
A lei da conversa
"Quando passou a ser muito raro falar contigo sem ser por sinais de fumo, a única linguagem que tu admites, porque nunca te mostraram que é possível conversar: ouvir e dizer; olhar, tocar, trocar tudo; olhar, tocar, saber tudo; olhar, tocar e ser transparente como a água."
para ler aqui.
O meu pensamento:
para ler aqui.
O meu pensamento:
Adoro Elis Regina, amo poesia, adoro as pessoas que gostam de conversar, gosto de samba e caipirinha; tenho uma personalidade meio esquisita, já que, após o consumo de todas essas doses de ingredientes "caipiras", gosto muito de correr com 6º de temperatura lá fora e sentir o sangue a fervilhar no corpo; assim sinto-me viva, adoro sentir-me viva. o confronto de opostos em mim gera equilibrios. Quanto à pureza... o lugar dela é nos livros, nas artes, na natureza, porque o homem, há muito que a deixou ficar a um canto, desprezada. Não há nada puro em nós, somos artificiais, com muitos vernizes e nuances.
sábado, 15 de janeiro de 2011
sábado, 8 de janeiro de 2011
2011 - not Swans but Sharks
por mais cisnes brancos que sejam encontrados, nunca podemos ter a certeza de que todos os cisnes são brancos (pois amanhã alguém pode encontrar um cisne preto). Em contrapartida, basta encontrar um cisne preto para ter a certeza de que é falso o enunciado universal "todos os cisnes são brancos".
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