HOT Chip – One Life Stand -, Transa Atlântica de Mónica Marques, adquirida numa maravilhosa aparição, numa feira de livros na Gare do Oriente, o Woody Allen e a sua prosa irónica, neurótica mas inteligente, desconcertada e ao mesmo tempo inquietante, incrivelmente absurda mas cheia de humor, a tua voz ao lado; tudo a fazer fila para entrar pela porta algo hermética nos últimos tempos do meu pensamento. Adicione-se, ainda, a incrível inquietação sobre a verdade que se me afigura cada vez mais evidente de que os livros surgem na nossa vida ao mesmo tempo que falam das nossas histórias reais, fazendo um Pounch – Wake Up bastard, this is you, this is your history, don´t forget to clean all the pieces of you on the Wet Floor. As Frases que agarro ao presente são íman para agarrar a vida. Será que agora vou começar a escrever a sério? Ou será mais um capricho efusivo resultado da leitura jactante de um livro numa tarde? sempre tive um desejo nunca antes partilhado, de poder abandonar o mundo de vez em quando, assim por largos meses, não de partir num barco e viajar pelo mundo, mas recolher-me numa daquelas casas para escritores, e, como uma espécie de retiro, escrever, escrever, escrever e escrever, deixando para trás todos os demónios, purificar-me, despejar maleitas interiores acumuladas, despejar tudo até ao limite, deitá-las para outras cabeças, para quem tiver paciência de ler; passar maldições para os leitores e assim ser salva e não salvar. É para isso que muitos escritores escrevem, não porque gostem do mundo, mas para despejarem as suas maldições. (Close thought: Tudo isto é pura teoria: quem em Portugal fica salvo através da escrita sem estar exposto, Portugal é pequeno demais para se estar a salvo do que quer que seja, in a matter of fact). Anyway, esta semana santa, trouxe-me uma espécie de retiro idílico, não um retiro existencialista, solitário, surdo, mas com doses extras de prozac humanista e literário: bring me Woody allen que me fez aumentar a vontade de viver na condição do Whatever Works; isto chamo de encontro perfeito, like soul mate, e a prova evidente que também sou a litle beat neurotic, and romantic, idealistic, e que não se apaixona pela lógica. Find out: Sou perfeitamente irredutível a quem vem logo esgrimir argumentos assentes numa lógica das qualidades e características do seu amado(a), tornando-o num ser romanceado, tudo menos humano; é próprio dos humanos terem muito mais defeitos e ainda assim serem amados, sem para isso haver explicações. Ao contrário do trabalho, o Amor existe, sente-se e não precisa de argumentação; pode-se exprimir perfeitamente num conjunto de orações linguísticas, mais ou menos entrelaçadas para formar uma espécie de arquitectura do sentir. A minha avó paterna nunca dissertou muito sobre porque amou o meu avô, e estiveram juntos a vida inteira. Nunca lhe assisti a uma crise de depressão por causa do seu casamento, ou angústia, e foi um Amor intenso; lembro-me de ser pequena e ouvir a voz do meu avô para a minha avó, a perguntar-lhe se ela não iria arranjar o cabelo à cabeleireira; chegava ele mesmo a fazer o telefonema e marcar com a cabeleireira a ida da minha avó; era um gesto verdadeiramente romântico sem o ser muito evidente. Já a minha outra avó entrou no corredor das paixões e amores violentíssimos, dilacerantes, arrebatadoras e foi uma mulher sempre melancólica, optou muitas vezes por pensar muito, ponderar escolhas e recuar, mas avançar quando se tornava legítimo e obrigatório; Não se procure muito explicar, argumentar o porquê dos amores, mas deixe-se a porta escancarada para quando algo de bom entrar que seja bem- vindo. Whatever Works it´s fine, and if it Works, better, if not, try again. São assim os Sábados perfeitos, como os da semana santa: dedicado ao Amor pelos livros, pela música, pelo cinema e pelo meu cobertor vermelho de alguns-fins-de-semana a serenar o espírito e corpo inquietos e a tua voz logo ali ao lado para ouvir isto tudo a sair.
terça-feira, 6 de abril de 2010
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