quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Quando a vida acontece, a escrita pára, ou não!

Agora dou-me conta que já não vinha neste quadradinho há 8 dias; e eu a pensar que tinha sido ontem a última vez que fiz aqui pinotes, e dancei ao som da última música que passou pela cabeça. Creio que andei meio distraída, entretida a viver e, essas coisas que os humanos costumam fazer quando têm vidas comuns; então, nessas entrelinhas, foi acontecendo que terminei o livro de Miguel Sousa Tavares, no teu deserto, quase que um romance, nas palavras do autor, que me deixou desconsolada, como quando se come picanha e não há a caipirinha a acompanhar, ou ananás às rodelas e banana frita, meu deus, que desconsolo tão grande; confesso que queria mais, estava à espera de mais, mais magia no retoque dos cenários(puxa, o deserto é o lugar mais descrítivel do mundo), mais sedução na narração, mais emotividade das personagens, não sei, talvez para a próxima o Miguel me surpreenda. Também, por esses dias, deixei o saramago, e os seus cadernos de lanzarote,(já sei o que vão dizer, só agora leio os cadernos?) a apanhar poeira em cima da mesinha de cabeceira, mas nesse caso não foi desinteresse, não. Aqui foi porque a justiça literalmente me obrigou, por estes dias, a divagar numa outra novela, ou romance.(ainda não sei muito bem, que raiva essa coisa de hibridismo de géneros literários, nem é carne, nem é peixe, ou é as duas coisas); pois é, tenho 15 dias para ser perita na matéria, e como nunca fui isso em coisa nenhuma na minha vida, ando pra aí nervosa pelos cantos com receio de não dar conta do recado. Vejam bem a bolada que a vida me passa para todos os membros do corpo, não vai ser pêra doce, nem mole. Também por esses dias, andei de moto4 com o pedro; ele que já andava desencantado com a minha aversão a máquinas, moteretas, ou tudo que seja da familia das duas rodas com motor, por fim, lá consegue arrastar-me para um passeio de quase duas horas. Cheguei a casa descadeirada, mas feliz... meio a chover, meio quente, eu de chinelas de dedo, t-shirt e casaca, lá fomos percorrendo as mais variadas sendas e vielas junto ao mar, ou quase. O corpo em movimento a cortar o ar e a paisagem, os meus olhos fixos no céu, a agarrar as árvores, bem, se não foi um momento zen, esteve lá perto. Deu para canalizar as energias e o peso dessa coisa de ser obrigada a ser perita. Depois disso, comi duas vezes sardinhas assadas no pão com pimentos; confesso que sou uma sortuda, pois nas duas vezes que me lambusei com este manjar, alguém cozinhou para mim, e eu só tive que deglutir saúde. Sempre gostei de sardinhas, desde a época em que era pequena e que o meu avô comia as sardinhas pequenas fritas totalmente, e só deixava o rabo; dizia ele que fazia bem à saúde, contribuia para ossos fortes e evitava certas maleitas. Então, sempre penso que mulher que é mulher come sardinhas, ai como são boas. Também por esses dias andei de comboio, quase 8 horas(como tem sido hábito em minha vida, as viagens, ainda que pequenas, são por amor). Mas nesta última, teve um pouco de encarceramento pois ficou ao meu lado um brasileiro, jogador de futebol, ao que parecia pela conversa telefónica, a dizer que precisava de chuteiras, número 43, que as dele estavam abrindo) e dizia eu que este moço pensava que podia jogar livrementre em toda a área, já que quase toda a viagem veio com as pernas esticadas, os braços abertos e eu, a seu lado, encolhida no meu lugar, sem lugar para colocar computador, ou estender um pequeno livro, sequer.Haja paciência. Para agravar a situação, em frente a mim ficou um outro rapaz, de computador ligado, para minha inveja, de fones nos ouvidos, gemendo, sorrindo, gesticulando, sorrindo e gemendo, gesticulando e, no momento da falha de bateria, quase entrando em orbita, liga ao amigo para entrar no email dele porque não sabia como estava no jogo de computador(como diz a cidália, oh God make good but not yet). No comboio, também, um casal de brasileiros, ela a parecer india, cabelo pretissimo e compridissimo, e ele um homem de 40 e tal anos, pouco atraente, andando de um lado pro outro, sem saber os lugares onde se deveriam sentar; burrice, ou desconhecimento??nem sei, nem me interessou muito, excepto, o rosto dela que era diferente. Por fim, e após umas horas, lá consegui abrir um livro de teoria literária, para a minha pesquisa para o trabalho que tenho em mãos e em mente,  e de soslaio vejo que o moço a meu lado, deita o olho para ver o que estou a ler. boing; acho que teve uma desilusão, caiu e fracturou o fémur entre outros; devagarinho voltou à sua posição de passageiro normal. Fui salva pela literatura (afinal serve para alguma coisa) Eu, entretanto, fui viajando e lendo, que é tudo a mesma coisa, até casa. Agora dei-me conta, este artigo o escrevi em português meio abrasileirado; já sei onde está o gato: o meu tio de S.Paulo está por cá, comprei a viagem para o Brasil e tenho andado a treinar o sotaque(como sou influenciável, chiça!!!)E além disso, dei-me conta que não quero ser mais romântica, ou seja lá o que isso fôr; tenho a impressão que essa coisa de mostrar as emoções não é impressionável, é desencanto até; mas depois explico porquê, agora tenho que trabalhar(como se isso fizesse a minima diferença para esta situação).

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