quinta-feira, 3 de junho de 2010

À noite os sons...

(....)"nos sons à noite: um cão, junto ao horizonte, mesmo aqui ao lado, a queda do galho de uma árvore, a respiração da terra. A água no fundo do poço que não se aquieta, não se aquieta. A tua voz a dizer o meu nome. Já agora há quanto tempo não dizes o meu nome? Apagaste-me de vez? Nunca pensei que me apagasses de vez, tive esperança de ser, ao menos, uma luzinha vacilante mas teimosa em qualquer ponto da tua memória, que se pode ignorar mas não se esquece, uma silhueta, mesmo difusa, um fragmento de cara(...)

Crónicas, António Lobo Antunes

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