sábado, 5 de junho de 2010

Por ser boa rapariga

Há sempre a felicidade de podermos ser mais todos os dias. Sim, um MAIS e não MENOS. é este cliché que anda a peneirar no meu pensamento. É esta a condição primordial que estou gravar a canivete em pau de Madeira que é a minha existência, agora que cheguei aos 30 e muitos. Tarde, se calhar, mas espero que ainda a tempo. Dou por mim a pensar o porquê de muitas vezes atracarmos em portos de negação e auto comiseração, o que levará o nosso cérebro a permanecer na estúpida barcarola da melancolia?!! Recentemente, em conversa algo estrambelhada com um Padre a completar os 80 e muitos anos de vida, ele assegurou-me que sendo os problemas Humanos, há sempre uma solução para tudo. O que me pareceu uma reflexão básica na altura, assume, agora, o efeito de  uma poção mágica que verte a ligeireza para os acontecimentos produzidos nas nossas vidas que nos possam conduzir a um tal estado de espírito de tristeza prolongada.

Sempre fui melancólica e chorona, mas desde que conheci o charlie brown na escola, deixei de ser um criança sozinha, enfadonha, porque tinha um amigo que acompanhava os meus passos. Escusado será dizer que só tomei consciência da dimensão do charlie na minha vida agora aos amarfanhados trintas. Naquela altura andava mesmo com o cobertor debaixo do braço e detestava as tranças que a minha mãe me fazia, e ter que descer a rua no inverno para ir para a escola primária, onde tinha que conviver com os índios apaches, e os spider man´s e os seus amazing friends. Só à distância uma pessoa consegue reflectir sobre a sua existência na infância e outros lacunas que surgem lá para os 20 quando a coisa não fica bem resolvida lá atrás. Outro dia, que já não me lembro bem ouvi alguém dizer que a mulher aos 20 precisa de ser gira e mais gira, aos 30 precisa de ser inteligente e mais inteligente, e depois gira, e aos 40 já ninguém quer saber porque pode ser o que bem entender. A ser verdade esta constatação, espero que esta fase seja passageira, e como uma boa passageira de viagem que sou, que tenha a inteligência de poder olhar para mim sem amarras e cobertores charlianos. Já devia ter idade para ter juízo.

4 comentários:

  1. a propósito do tempo, olhe que bonito:

    http://puracoincidencia.blogspot.com/2010/06/devagar-o-tempo-transforma-tudo-em.html

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  2. Muito bonito, o poema do José Luis Peixoto! Obrigada...e que perspicácia, Paula:)

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  3. Somos umas boas passageiras de viagens Paula, temos de olhar para nos sem amarras como diz, temos de ser resolvidas, ainda ha dias uma pessoa amiga me dizia o seguinte; ( Fatima nao resolvas os teus conflitos nem a tua magoa magoando os outros ou usando os outros, nao interessa fugires ou ires para as caraibas, fazer compras...etc..da um luto a ti mesmo , devagar, sossegando...porque tb e desta forma que das sossego a ti mesma )e e um facto....sossegar me a mim deixando as coisas correrem com serenidade...como diz no texto e muito bem ( e aos 40 já ninguém quer saber porque pode ser o que bem entender. A ser verdade esta constatação, espero que esta fase seja passageira, e como uma boa passageira de viagem que sou, que tenha a inteligência de poder olhar para mim sem amarras e cobertores charlianos. Já devia ter idade para ter juízo.)
    beijos FATIMA SILVA

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  4. Obrigada, Fátima, por ter passado aqui e ter deixado o seu comentário; realmente, nós somos as nossas melhores companheiras de viagem; isto para podermos apreciar as paisagens e as pessoas que vão surgindo na nossa vida; Fulgor, gosto da palavra fulgor e entusiasmo por tudo. Se conseguirmos reunir e preservar o máximo de fulgor e entusiasmo dentro de nós ao longo da vida, somos então excelentes passageiras:)Ainda que às vezes seja dificil e complicado....
    Bem Haja Fátima.

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